Ausência .

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces,
porque nada te poderei dar , senão a mágoa de me veres eternamente exausto no entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida.
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado, quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados .. Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada, que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei …
tu irás e encostarás a tua face em outra face, teus dedos enlaçarão outros dedos, e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço, e eu trouxe até à mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só, como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas ..
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

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