Metade .

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
E que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio, que a morte de tudo o que acredito, não me tape os ouvidos e a boca: porque metade de mim é o que grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe, seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo, seja para sempre amada, mesmo que distante: porque metade de mim é partida, e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo, não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma pessoa inundada de sentimento: porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora, se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que corre por dentro seja um dia recompensada: porque metade de mim é o que penso, e a outra é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto, o doce sorriso que me lembro ter dado na infância: porque metade de mim é a lembrança do que foi, a outra metade, eu não sei.
Não seja preciso mais que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito, e que o teu silêncio me fale cada vez mais: porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma reposta, mesmo que ela não saiba ..
E que ninguém a tente complicar: porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer, porque metade de mim é platéia, e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada, porque METADE DE MIM É AMOR, E A OUTRA METADE, TAMBÉM.

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